Texto publicado originalmente na rede social PROPOST
Em Battle Royal temos um país denominado Grande Republica do Leste Asiático, apresentado como uma nação militarista ao extremo em constante conflito com outros países, o que faz com que a nação viva praticamente em um regime isolacionista. Na realidade apresentada na obra, não há limites para o poder do Estado, caracterizando-se como Totalitarista.
O Governo criou um projeto conhecido como “O programa”, considerado uma espécie de “jogo” onde os participantes são jovens recém saídos do ensino fundamental. Não! Não é um reality show, não é um Big Brother Japão, trata-se de um jogo onde a única saída é matar ou morrer. De tempos em tempo uma turma de jovens estudantes é selecionada aleatoriamente para participar desse projeto, onde devem batalhar entre si até a morte.
Aos poucos, a cada edição é mostrado o objetivo do Governo com “o programa”. É explicado que naquela realidade alternativa ocorreu uma crise no país, provocando taxas elevadas de desemprego e conseqüentemente aumentando a taxa de delinqüência juvenil devido a descrença para com os rumos que o país estava tomando. “O programa” é uma medida adotada pelo governo como forma de amansar os estudantes através do terror psicológico.

A turma da vez selecionada para “O programa” é uma turma de 42 alunos do terceiro ano B da escola Jougan. Em meio a uma suposta excursão, um gás é lançado dentro do ônibus que faz com que todos os alunos adormeçam e acordem em uma ilha, todos com colares no pescoço e cercados por militares armados. As regras impostas são aos alunos seguintes:
-Todos os alunos devem batalhar entre si até a morte em uma ilha que foi evacuada, até culminar na sobrevivência de um único aluno.
-Não há formas de fugir, pois há atiradores do governo em návios localizados na costa da ilha.
-Não há possibilidade de se esconder, pois a coleira serve de localização dos alunos e transmitem seus sinais vitais.
-A ilha é toda dividida em quadrantes de modo que em certo intervalo de tempo são informadas em auto-falantes as áreas de perigo. Quem não conseguir sair dessas áreas a tempo tem a coleira acionada que explode matando seu usuário.
-Se todos os alunos decidirem não lutar e não houver nenhuma morte em 24 horas, todas as coleiras explorem e todos morrem de qualquer forma.
-Para que haja um vencedor é necessário que haja apenas um sobrevivente num prazo de 3 dias, caso contrário os sobreviventes morrem.
É um jogo malignamente perfeito, onde não há saída, a não ser participar e tentar matar seus amigos para ser o único sobrevivente. Um kit de sobrevivência é fornecido para cada aluno com os seguintes itens: comida, água, bussola, mapa, relógio e armas. As armas variam de kit para kit como uma forma de tentar equilibrar o jogo, dando a possibilidade a alunos mais fracos de possuírem armas mais fortes.
A Narrativa se passa na ilha desde a primeira edição, sendo que os momentos anteriores ao “jogo”, como a vida escolar, a infância e o perfil psicológico de cada aluno é trabalhado com base em lembranças dos alunos. Tudo é construído de forma a tentar criar no leitor um vinculo afetivo com os personagens, sendo que a variedade deles faz com que você possa ter diferentes graus de afeições, de acordo com a personalidade de cada um.
A medida que ocorrem os “flashbacks”, o leitor vai se familiarizando e se identificando com cada personagem , só para depois ser obrigado a assistir suas mortes da forma mais cruel possível. Pois imagine você na sua turma do colégio, onde todos se gostam e são amigos.. e no dia seguinte serem obrigados a entrar em um jogo onde vão precisar se matar. É uma premissa bem cruel para uma história.

(Primeira edição do Mangá: Nanahara observa a morte de seu melhor amigo Kuninobu sem poder fazer nada)
O interessante da obra é podermos observar os mais variados tipos de comportamento dos alunos em meio aquela situação caótica e absurda. Tem aqueles que agem em bando, sendo a paranóia companheira para todas as horas de cada um dos membros do bando. Tem os que agem solitariamente, por não conseguir confiar em ninguém. Tem aqueles que demonstram mais coragem perante os fatos e tentam ser racionais de modo a tentar reunir os colegas para tentar achar uma saída para o jogo. Outros, mais covardes acabam matando por se verem como uma presa fácil para o resto do grupo, por serem considerados fracos. Outros enlouquecem e cometem suicídio. E tem aqueles que são cruéis por natureza e entram no jogo de cabeça desde o início, com o máximo de crueldade possível.
O mangá como você pode perceber, é extremamente violento , com quadros chocantes e nenhum tipo de restrição quanto ao dialeto, sendo usados palavrões constantemente durante a história. A obra original é na verdade um livro lançado no Japão em 1999 por Koushun Takami, que primeiro foi adaptado para o cinema para depois ganhar uma versão em mangá nas mãos do desenhista Masayuki Taguchi.
A Conrad lançou o mangá no Brasil, mas não chegou a concluir sua publicação, lançando apenas 12 de um previsto de 15 edições(até hoje não conheço o final). O filme lançado em 2000 é muito bom, mas não apresenta a mesma complexidade do mangá, uma vez que para caber na película, a morte dos 40 alunos, os acontecimentos acabam ocorrendo muito rapidamente, dificultando a criação de um vinculo afetivo entre os telespectador e os personagens, situação que o mangá tira de letra em suas 15 edições.

(Cena do filme Battle Royale: Os alunos reunidos antes da matança)
Hollywood fez um filme baseado nessa obra, mas mudaram o local do massacre para um presídio, onde condenados devem se matar de modo a sobrar apenas um sobrevivente, pois as cadeias estão superlotadas. O filme é tão chato que eu já nem me lembro o nome dele. Evite assisti-lo. Fique com o filme produzido no Japão em 2000 ou se for do seu interesse procure pelo mangá.
Até a próxima.
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