Texto publicado originalmente na REDE SOCIAL PROPOST
Filme: Feitiço do Tempo (Groundhog Day) - 1993
Diretor: Harold Ramis
Roteiro: Danny Rubin
Elenco: Bill Murray, Andie MacDowell , Chris Elliott
Nota no IMDB: 8.1 (www.imdb.com)
obs: Vou tentar sempre colocar links nos meus textos para você ter acesso a informações extras. Ao clicar nesses links você será redirecionado ao site do IMDB).
Breve Sinopse(para quem não viu o filme. Se já viu, pule para o parágrafo seguinte)
Phil Connors ( Bill Murray ) é um meteorologista arrogante e egocêntrico que trabalha para um canal de TV fazendo previsões do tempo. Phil é enviado pela quarta vez seguida para Punxsutawney, uma pequena cidade do interior, para cobrir um evento cultural: “o dia da marmota”. Desta vez, além do câmera Larry(Chris Elliott) que sempre o acompanha, também se junta a equipe Rita ( Andie MacDowell ), produtora, que tem a personalidade inversa a de Phil. Durante esse evento que ocorre anualmente, sempre dia 2 de fevereiro, a população se reúne em praça publica para ouvir as previsões do tempo de uma marmota (animal roedor). Phil está vivendo o pior dia da sua vida, pois para ele é uma humilhação profissional cobrir aquele evento e para piorar as coisas, fica preso na cidade devido a uma nevasca que impede a equipe de deixar a cidade. Inexplicavelmente após esses acontecimentos, Phil passa a acordar sempre no dia 2 de fevereiro, o dia da marmota, porém sempre podendo interferir nos acontecimentos.

Análise pessoal
Bill Murray está hilário neste filme, que apesar de ser do gênero comédia, há quem viaje em teorias absurdas para explicar a repetição do mesmo dia vivida por Phil. Há quem faça análises detalhadas dos fatos utilizando de teorias de psicanálise (há vários sites de psicologia que tratam dessas questões no filme), outros falam de budismo e teorias malucas de encarnações, outros discutem a obra de Nietzsche no filme. Enfim, não vou me prender a essas questões, pois algumas coisas podem até fazer sentido, outras duvido que tenham até passado pela cabeça do diretor e do roteirista. Vou falar aqui de questões mais óbvias, de uma mensagem que pode ser absorvida de forma fácil por qualquer um que assista ao filme.
Durante o filme, o arrogante Phil, em meio a tal situação de repetição do tempo, passa por diversas etapas de evolução pessoal que vão moldar o seu caráter. Phil se utiliza do “Poder da imortalidade” com diversos objetivos distintos no andamento do filme, havendo também uma mudança na forma como o tempo é utilizado por ele. Considerarei então quatro estágios vividos pelo personagem Phil Connors:
1- O desespero
Phil Connors odeia a pequena cidade de Punxsutawney, odeia seu povo, a quem se refere algumas vezes como “caipiras”, trata com arrogância todas as pessoas com quem esbarra. Há uma cena, por exemplo, onde Phil passa por um velho mendigo e faz menção de que vai lhe dar esmola, mas passa direto sem concretizar a ação. Após a nevasca que impede que a equipe saia da cidade, Phil volta ao hotel para dormir. Ao acordar se dá conta que tudo está se repetindo. A partir daí inicia-se o desespero ao perceber que um estranho fenômeno está acontecendo: Phil está preso na cidade que mais odeia e no pior dia da sua vida.

2- O uso da "imortalidade" pra manipular as pessoas
Phil se encontra em depressão bebendo e reclamando da vida para outros dois bêbados da cidade. Em meio a conversa Phil pergunta: -O que vocês fariam se não houvesse amanhã? Um dos bêbados instantaneamente responde: -Não haveria consequencias, não haveria ressaca. Faria o que desse na telha. A partir de então Phil se dá conta do poder que tem em mãos e começa a tirar proveito disso: desrespeita as leis, começa a fumar, planeja roubos, passa a ter uma alimentação desregrada e se dedica a conquistar todas as mulheres da cidade. Phil faz todas as merdas possíveis, pois sabe que no dia seguinte acordará sempre as 6:00 do dia 2 de fevereiro. Passa a manipular a todos os habitantes da cidade, pois utiliza de informações privilegiadas para chegar a seus objetivos ( ele sabe de tudo o que vai acontecer) . A única mulher que Phil não consegue conquistar é Rita, a quem tenta conquistar dia após dia sempre concertando um comportamento inadequado que teve no dia anterior, em vão. Temos nessa parte do filme, um Phil preocupado apenas com prazeres levianos e superficiais, que faz uso do seu poder para usar as pessoas de marionetes.

(Phil acumulando informações sobre Rita pra tentar traça-la no "dia repetido seguinte")
3- Depressão e suicido.
Após várias tentativas frustradas de ter um dia perfeito com Rita (por quem se apaixona), cansado de levar uma vida regrada a prazeres levianos, Phil cai em depressão. Phil se suicida de todas as formas possíveis: eletrocutado, pula de penhasco, pula do topo da igreja, é esfaqueado, enforcado, congelado, etc...porém continua acordando como se nada tivesse acontecido.

4 - A grande mudança
De repente Phil passa por mudanças e começa a usar seu tempo infinito para o aprendizado pessoal. Começa a ter aulas de piano, torna-se escultor, lê uma série de livros (inclusive de medicina). Além disso, passa a dedicar seu dia a ajudar todas as pessoas da cidade, desde trocar pneu de carro furado para umas velinhas simpáticas, até salvar algumas vidas. Phil nunca consegue salvar apenas uma pessoa: o velho mendigo do inicio do filme, que sempre enfarta de noite, independente do que seja feito por ele. Próximo do fim do filme, Phil faz a reportagem sobre o dia da marmota e emociona a todos com seu discurso, muito diferente do discurso irônico e arrogante do inicio do filme. Phil agora é um novo homem e não precisa fazer mais nada pra conquistar Rita, que acaba se interessando por ele naturalmente.

Resumindo... a mensagem aqui é a mudança de caráter do personagem arrogante, desonesto, egocêntrico, que se torna com o passar do tempo altruísta, simples e humilde. É um filme que eu gosto de assistir de ano em ano, quando já estou me tornando novamente um ser humano egocêntrico, frio, preconceituoso e odiável (hahaha). Assistir o "feitiço do tempo” de vez em quando me torna uma pessoa melhor. Recomendo a todos os maus elementos que querem ou tentam se tornar pessoas melhores.
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